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Você tem sonolência excessiva diurna?

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DO INSTITUTO DE MEDICINA & SONO DR. J. SHIGUEO YONEKURA

O problema pode adquirir proporções que podem acarretar até fatalidades

Se você sente uma vontade incontrolável de dormir durante atividades rotineiras e em momentos inoportunos fique atento. Adormecer em uma reunião de trabalho ou no cinema pode ser desagradável.

Mas a situação pode ser ainda mais grave quando o sono aparece ao volante, em meio a uma rodovia movimentada. A verdade é que a sonolência excessiva diurna deve ser levada muito a sério e as causas precisam ser investigadas para evitar conseqüências significativas, como acidentes de trânsito e de trabalho.

Muitas pessoas têm um período temporário, muitas vezes no início da manhã, em que se sentem sonolentas. Só que esse desejo de tirar uma soneca rápida é completamente diferente da sonolência diurna excessiva. A prevalência da sonolência diurna, que afeta aproximadamente 30% da população adulta, traz problemas para a saúde, prejudica o desempenho profissional e acadêmico e compromete as funções psicossociais.

Na ausência de privação de sono, a sonolência diurna pode ser causada por um transtorno do sono identificável e tratável. Doenças como síndrome da apnéia obstrutiva do sono, narcolepsia e Síndrome das Pernas Inquietas podem provocar a sonolência. Alguns transtornos de origem psíquica, como a depressão, também estão ligados ao problema.

Mas a causa mais comum da sonolência excessiva diurna na sociedade é a privação crônica do sono. Estimativas indicam que dormimos 25% menos que nossos antepassados há um século. Dessa forma, nossa privação de sono é intencional, muitas vezes impulsionada por fatores sociais ou econômicos. As opções de compra no período noturno, a internet, informações sobre o mercado de ações a qualquer hora do dia, bem como a televisão durante toda a noite e negócios por 24 horas, incentivam cada vez mais a privação do sono.

O grande volume de trabalho faz com que o período da noite deixe de representar sono e descanso para uma parte significativa da população. Muitos trabalhadores se revezam entre os períodos noturno e diurno ou até vivem trocando a noite pelo dia.

Além de todas as conseqüências que este tipo de jornada traz à saúde do indivíduo, existe também a possibilidade de se provocar acidentes graves de trabalho. Podemos citar dois casos trágicos que têm suas causas relacionadas às conseqüências do trabalho noturno mal administrado: o acidente nuclear de Chernobyl e a explosão do ônibus espacial Challenger.
Na usina de Chernobyl (Ucrânia) as longas jornadas de trabalho eram freqüentes, privações de sono e sonolência excessiva também.

Estes fatores se agravaram com a pressão do governo soviético para cumprir prazos. Em abril de 1986, procedimentos foram programados para a madrugada e alguns sistemas de segurança foram desligados. Quando foi constatado o superaquecimento do reator, os operadores – que vinham de uma longa jornada de trabalho e provavelmente estavam sonolentos – cometeram um erro: desligaram o resfriamento de emergência.

No caso da explosão do ônibus espacial Challenger, no mesmo ano, o acidente foi atribuído a um defeito em uma peça do tanque de combustível. Porém, é preciso lembrar que a equipe de manutenção e os diretores que autorizaram a decolagem haviam dormido muito pouco na noite anterior ao acidente.

Doenças que causam sonolência

A síndrome da apnéia obstrutiva do sono

é a obstrução das vias aéreas por alguns momentos durante a noite, pela flacidez dos tecidos da garganta, impedindo a respiração por alguns segundos, varias vezes por noite. O problema é mais freqüente no homem a partir dos 30 anos de idade e nas mulheres a partir da menopausa.

Este problema, além dos transtornos sociais e psicológicos, pode trazer conseqüências físicas para o paciente (hipertensão, arritmias cardíacas e AVC – Acidente Vascular Cerebral).

Os principais sintomas da apnéia do sono são o ronco e a sonolência diurna excessiva. O ronco é também um fator de desagregação familiar, muitas vezes levando a pessoa que ronca a dormir em quarto separado, bem como torna a pessoa que ronca motivo de piadas entre companheiros de trabalho.

Narcolepsia

A narcolepsia caracteriza-se por sonolência excessiva associada à cataplexia e outros fenômenos do sono REM, como paralisia do sono e alucinações hipnagógicas. A sonolência é muito intensa, incapacitante. 
A cataplexia é uma perda súbita do tono dos músculos posturais desencadeada por uma emoção intensa como riso, raiva ou medo. A pessoa pode cair ou apenas sentir-se fraca e necessitar sentar-se. A paralisia do sono ocorre ao adormecer.

A impossibilidade de movimentar-se pode ser assustadora. Alucinações hipnagógicas podem ocorrer junto com a paralisia. São sonhos, visões. 
A deficiência de neurônios que produzem hipocretina no hipotálamo é o que causa narcolepsia. Aparentemente, fenômenos inflamatórios causam a destruição da fina camada desses neurônios fundamentais para a manutenção da vigília. O problema geralmente aparece na adolescência ou no inicio da idade adulta, embora varie dos primeiros anos de vida à terceira idade.

Síndrome das Pernas Inquietas

A síndrome das pernas inquietas (SPI) causa sensações desagradáveis e angustiantes nas pernas, sobretudo na região da panturrilha, e um impulso ao mover estes membros, levando a movimentos descontrolados. A pessoa geralmente tem vontade de levantar ou ficar andando, para que a sensação incômoda vá embora.

O distúrbio afeta ambos os sexos e pode começar em qualquer idade e piorar com o tempo. 
Sinais e Sintomas – Sensações desagradáveis dos membros como formigamento, queimação, aflição ou dor na panturrilha, coxas, pés ou braços. Às vezes, as sensações opõem-se à descrição. As pessoas geralmente não descrevem a condição como câimbra ou formigamento de um músculo. Os sintomas costumam piorar à noite. 

A maioria das pessoas com o problema encontra dificuldades para dormir ou ficar dormindo. A insônia pode levar à sonolência excessiva durante o dia, mas a SPI pode fazer com o portador não aproveite um cochilo durante o dia.
Embora a síndrome das pernas inquietas não cause outras condições sérias, os sintomas podem ir desde o incômodo até a incapacidade. Na verdade, é comum que os sintomas oscilem em gravidade e ocasionalmente desaparecem por períodos de tempo.

O estresse geralmente piora a doença. Gravidez e mudanças hormonais também podem agravar temporariamente os sinais e sintomas da SPI. 
A síndrome também pode provocar angústia, insônia, sonolência excessiva durante o dia, cansaço e irritabilidade, além de déficit de concentração e memorização. O diagnóstico é feito através de exame clínico e polissonografia.

O tratamento da SPI deve ser individualizado, de acordo com os sintomas de cada paciente. O tratamento inclui medidas não-farmacológicas, que ajudam a aliviar os sintomas, e o uso de agentes farmacológicos como pramipexol, medicamentos antiparkinsonianos e benzodeazepínicos. 
O paciente com SPI também deve evitar cafeína, tabaco e álcool. Medidas como exercícios físicos e massagem podem aliviar os sintomas.


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